quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Not brave enough

A noite fraca enevoa-te à minha visão, dissolve-te derradeiramente seguida de um manto de ingenuidade que volta a cobrir essa névoa… e segue-me até à tardia manhã que em uma curta tentativa de te largar mais te anseia procurar e me ilesa.
A passividade receada em mim veio sempre pelas palavras meias ditas e sempre desentendidas.
A inutilidade das palavras que saíam sistematicamente duma boca já gasta quebram-te para mim, tornando-te ilegível.
A impotência cravou-se tornando-me carapaça instantânea, e sim, momentânea, já que num acto de libertação e mudança te repelia mas que simultaneamente o acontecia com esse desejo de te afastar… esse a que vinha tomar o lugar a “fogante” vontade de concretização (nem sempre presente) no acreditar, no fazer, no conseguir…ter-te.
Tudo se arrastou, o olhar cinzento ia-se escurecendo a cada gesto repleto de impasse e tão vazio… as minhas palavras não faziam em ti mais que sombra.
Massa se amolgava fundo com a ausência gradual e inebriada da tua dedicação. A ironia que te revelou desgastou-me revoltando o remexido assim como a presença da impaciência nunca antes mostrada. Porque o que expiravas nunca saía inteiro. O desabafo tinha de ser-te arrancado, tinha de preenche-lo com suposições de verdades tuas escondidas. E visualizava nas hesitações constantes em olhares inócuos sensações intermitentes de perda.
Não abarcaste a verdadeira essência das tuas falas… apenas julgavas o topo com a sinceridade. O que era a tua? As dúvidas, o medo, uma porta trancada desde o inicio a tudo… podia cheirá-la de tão perto que se abeirava… o medo duma escolha que não escondia nada…e eu só escolhia fragmentos de momentos em que se revelavam sentimentos.
E sem te aperceberes foste-me retirando do teu mundo, esse tão grande, para ti, por onde vagueias de tempos a tempos, onde não tens medo…mas onde não te consegues mover.
A mim isto foge-me…escapou-me por entre o esforço…vão? Por ti nunca foi… mas por mim torceu-me, fez-me fartar-me de quem sou, do que demonstro, o cansaço apoderou-se, sempre igual para o mesmo… sempre ao encontro do teu pedaço meu, sempre a correr ao alcance da próxima etapa. E alcancei, mas esta é só minha… sou a que digo inutilidades, sou a que aborrece, sou a que cansa, sou a que pressiona… sou a que esforça, a que acredita, a que oportuna, a que se entrega, a que supera.