Não sei viver de cor...

Numa pequenina caixinha de vidro compacta-se outra tentativa falhada de libertação, Solto o meu grito que se esbarra por entre as quatro paredes, e fica ali…calado, mudo, apático, atingido pelas respostas trocadas como punhais que esfaqueiam quando Ela quer jogar aquele complexo jogo, aquele que todos jogamos. Bem tenta afirmar-se, compreender-se e libertar-se, mas de si saem só secos sussurros, leves murmúrios que o deixam incompleto, derrotado, enfraquecido. A força que reúne a cada passo tomado que usa para se erguer volta-se e direcciona-se contra si. Esbarram-se contra ele… Aprende a cair, mais devagarinho, suavemente, e lembra-se desta vez de amparar a queda… Mas o amortecedor era fraco, não chegou para o segurar…ele esbarra-se. Agora o grito retém-se…empaveceu, pensou que iria aterrar seguro e impune…mas enganou-se. Espera agora decidir-se a desamarrar o que o ressuscitará e o torne vivo, pois a sua autenticidade feriu-se e o seu medo não deixou que a ferida sarasse. Basta mentalizar-se que é capaz, talvez não chegue, basta não tentar libertar-se mas gritar, faltar-lhe – á a voz?, ser o grito, gritar o grito por inteiro… Basta deixar de o deixar pela metade… A caixinha de vidro abriu agora, haverá não um novo voo, um novo acreditar, mas um novo “grito” |
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Numa manhã, os raios de sol romperam-me pelas persianas e abriram as pálpebras dos meus olhos,
Incidiram um brilho gostoso e encheram-nos de clareza, uma serena calma invadiu-me por três quartos e preencheu os espaços mudos que me deixaram;
Esboçou ao de leve um gradual sorriso que hoje já riu;
Iluminou-me a feição e sussurrou-me até ao anoitecer.
Tive “o céu todo a trovejar-me nos olhos”, deixo visitar-me a luz que o sol guardou para mim para enxotar agora os cinzentos momentos e cumprimentar cada instante de felicidade emprestada, deliciar cada brisa…renasci
Com os pés presos ao chão, mas de mãos desatadas corro ao sabor do vento e vejo passar a trovoada pela janela…deixo a cortina semiaberta…vejo-a passar, vejo-a e vejo-a “bazar”.
Será assim enquanto ELA o legitimar…
O silêncio que nos envolve derrota-me A tua alegre inconsciência é devastadora Prevês a tua caminhada sozinho Escondes a tua emotividade anónima com a tua subtileza pela metade Exageras o teu modo de estar e eleva-lo a um extremo desconcertante A minha fraca força enfraquece-me Calo a minha passada numa tentativa de “esta tudo bem” Mas, reviro o meu avesso pessimista no teu comodismo A minha alegria é a tua, e a de todos “everyday I sitt down I feel like I’m waiting for you” |