quarta-feira, maio 31, 2006

Não sei viver de cor...


Vou picar as palavras que permaneciam caladas. Acordei para de agora em diante não voltar a nadar de costas, não voltar a usar o saco roto, nem deixar o vento que acompanha a chuva torrencial, agressiva, grossa, negra, mórbida, ácida bater-me furiosamente na cara.
Não voltarei a amarrar a voz, vou estancar o sangue do meu mundo, desfigurar o teu sorriso inconveniente, desmascarar as tuas atitudes teatrais.
Muda vais ser tu agora…tornei-te incapaz de espancares o meu muro, de ultrapassares os meus passos, de dançares com a minha raiva.
Não vais agarrar o olhar que esteve perto, pois já não encontrarás o que nunca precisaste de procurar.
Um cair que não soube quando rasgaste o que afinal se desfiava há algum tempo, mesmo em frente dos olhos que não queriam importar-se.
Anunciou-se assim a verdade camuflada que fazia comichão…sacudo-te para nunca mais…

sexta-feira, maio 26, 2006

I used to be alive


Numa pequenina caixinha de vidro compacta-se outra tentativa falhada de libertação,
Solto o meu grito que se esbarra por entre as quatro paredes, e fica ali…calado, mudo, apático, atingido pelas respostas trocadas como punhais que esfaqueiam quando Ela quer jogar aquele complexo jogo, aquele que todos jogamos.
Bem tenta afirmar-se, compreender-se e libertar-se, mas de si saem só secos sussurros, leves murmúrios que o deixam incompleto, derrotado, enfraquecido.
A força que reúne a cada passo tomado que usa para se erguer volta-se e direcciona-se contra si. Esbarram-se contra ele…
Aprende a cair, mais devagarinho, suavemente, e lembra-se desta vez de amparar a queda…
Mas o amortecedor era fraco, não chegou para o segurar…ele esbarra-se.
Agora o grito retém-se…empaveceu, pensou que iria aterrar seguro e impune…mas enganou-se. Espera agora decidir-se a desamarrar o que o ressuscitará e o torne vivo, pois a sua autenticidade feriu-se e o seu medo não deixou que a ferida sarasse.
Basta mentalizar-se que é capaz, talvez não chegue, basta não tentar libertar-se mas gritar, faltar-lhe – á a voz?, ser o grito, gritar o grito por inteiro…
Basta deixar de o deixar pela metade…
A caixinha de vidro abriu agora, haverá não um novo voo, um novo acreditar, mas um novo “grito”

quarta-feira, maio 24, 2006

nos momentos que possam parecer os mais insignificantes

nas noites de bubedeira "extesiastica" (ui cuidado)
nos momentos menos luminosos, mas sempre com um sorriso para dar

nos momentos de parvoeira explícita


são voces que lá estão sempre,

e isso ninguém me pode tirar

...meus perdidos

segunda-feira, maio 22, 2006


"Disfarçamos os gestos nessa bruma
que o corpo sabe rente ao coração
-como o perfeito mar morre na espuma
e vem ouvir-se em nós a escuridão.
Perfeito o magoado som de pluma
que modula em seu arco a solidão
só nos sossega a hora mais escura
e os passos que em perdido rumo vão
sorriem já as máscaras ao lume
solto o mundo em redor do coração
-e correm nos seus braços de negrume
os tons dissimulados da canção
que mais do que da terra em que se nasce,
desta escura canção a alba faz-se."

sexta-feira, maio 05, 2006

O que importa não é chegar é partir...

Numa manhã, os raios de sol romperam-me pelas persianas e abriram as pálpebras dos meus olhos,
Incidiram um brilho gostoso e encheram-nos de clareza, uma serena calma invadiu-me por três quartos e preencheu os espaços mudos que me deixaram;
Esboçou ao de leve um gradual sorriso que hoje já riu;
Iluminou-me a feição e sussurrou-me até ao anoitecer.
Tive “o céu todo a trovejar-me nos olhos”, deixo visitar-me a luz que o sol guardou para mim para enxotar agora os cinzentos momentos e cumprimentar cada instante de felicidade emprestada, deliciar cada brisa…renasci
Com os pés presos ao chão, mas de mãos desatadas corro ao sabor do vento e vejo passar a trovoada pela janela…deixo a cortina semiaberta…vejo-a passar, vejo-a e vejo-a “bazar”.
Será assim enquanto ELA o legitimar…

terça-feira, maio 02, 2006

toda a realidade é um excesso


O silêncio que nos envolve derrota-me
A tua alegre inconsciência é devastadora
Prevês a tua caminhada sozinho
Escondes a tua emotividade anónima com a tua subtileza pela metade
Exageras o teu modo de estar e eleva-lo a um extremo desconcertante
A minha fraca força enfraquece-me
Calo a minha passada numa tentativa de “esta tudo bem”
Mas, reviro o meu avesso pessimista no teu comodismo
A minha alegria é a tua, e a de todos
“everyday I sitt down I feel like I’m waiting for you”